Dia do professor: a
história da comemoração
Por Daniele
Moraes
Comemorado mundialmente no dia 5 de outubro, no Brasil
o “Dia do Professor” é festejado em 15 de outubro. Instituído
nacionalmente por meio do decreto Nº 52682, assinado pelo então
Presidente da República João Goulart, em 1963, a data já era
comemorada havia muito tempo. O primeiro registro histórico da
celebração dada de 14 de maio de 1930, quando a III Semana da
Educação, realizada na cidade de Bragança Paulista (interior de
São Paulo), institui em seu programa de atividades o “Dia da
Escola”.
Apesar da longa história em torno do Dia do
Professor, poucos conhecem a origem desta homenagem e tão pouco as
razões da definição da data. Tudo começou nos anos 30, quando
diversas iniciativas foram tomadas por grupos de professores
católicos. Comemorações como a festa do “Nosso primeiro Mestre”,
lançada pela Associação de Professores Católicos do Distrito
Federal (então, no Rio de Janeiro) ou o “Dia da Mestra”,
instituído também no Rio pelo Departamento de Ensino Primário.
O
15 de outubro foi escolhido originalmente por ser a data evocatória
de Santa Tereza d’Ávila. A santa, nascida em Ávila, na Espanha, e
falecida em 1582, foi associada aos docentes por serem em sua maioria
mulheres (e católicas). Além disso, Tereza d’Ávila também era
conhecida pela notável inteligência, comparada, em seu tempo, a dos
doutores da Igreja, e reconhecida por títulos religiosos e como
“Padroeira dos Professores”.
No início da década de 30,
as primeiras comemorações já aconteciam, mas sem grande
repercussão, quando, em artigo publicado no “Jornal de São Paulo”
(de 10 de outubro de 1946), o professor Alfredo Gomes (ex-presidente
da Associação Paulista de Professores Secundários e da Sociedade
Beneficente de Professores e Auxiliares de Administração e também
diretor de entidades de classe como a União de Professores de
Educação e Ensino e Associação Paulista de Educação) lança a
Campanha pela oficialização do “Dia do Professor” a 15 de
outubro, no Estado de São Paulo.
A Campanha esclarecia que,
além da associação religiosa, a data possuía riqueza histórica.
Afinal pode-se dizer que neste dia foi instituído o ensino público
no Brasil, por decreto Imperial de D. Pedro I, em 1827. O referido
documento assinado pelo Imperador ordenava a criação de escolas de
“primeiras letras” (alfabetização) em todas as cidades, vilas e
lugares mais populosos do Império.
Em 1947, formou-se, então,
a “Comissão Pró-Oficialização do Dia do Professor”, com
intensa atividade de mobilização no Ministério da Educação, na
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e na Secretaria de
Educação. Em 13 de outubro de 1948, o Projeto foi transformado na
Lei estadual nº 174.
A conquista paulista correu o País e
quase todos os Estados aprovaram leis instituindo o feriado escolar
do Dia do Professor em 15 de outubro. A partir daí, iniciou-se o
trabalho pelo reconhecimento nacional da homenagem, por meio de
decreto federal.
Em um trecho do Memorial enviado ao Ministro
da Educação, solicitando a declaração de feriado escolar
nacional, o professor Alfredo Gomes argumentou: “Se o professor é
o generoso semeador de idéias que permitem o conhecimento da vida e
acendem, no espírito, o sagrado fogo da esperança; se ele é quem
faz e estimula vontades e caracteres; se é ele fator primacial na
formação moral e intelectual das novas gerações, torna-se
elementar ato de justiça e reconhecimento, homenagear sua missão
pelo muito que representa para a Cultura e para a própria
Nacionalidade”.
Finalmente, apenas em 14 de outubro de 1963,
a data foi reconhecida nacionalmente. Passados quase 60 anos da
primeira Lei estadual que instituiu a comemoração, podemos notar
que o sentimento que motivou grandes educadores a lutar pelo
reconhecimento do professor guarda incríveis semelhanças com as
lutas atuais, sempre no anseio de contribuir com o desenvolvimento e
o fortalecimento do Brasil.
Destacando seu idealismo, em
ofício enviado ao Presidente da Comissão de Educação e Cultura da
Câmara dos Deputados, o professor Alfredo Gomes exalta novamente a
docência, refletindo: “Que é o professor, senão símbolo, senão
exemplo? Símbolo da abnegação, exemplo de vocação humanitária!
Símbolo da renúncia, exemplo da paciência! Símbolo do sacrifício,
exemplo de heroísmo! Símbolo de amor, exemplo de consciência!
Símbolo do sentimento, exemplo de idéias! Símbolo tranqüilo,
exemplo de modéstia! (...) Benfeitor de gerações que se sucedem,
da pátria que prospera, da humanidade que segue seu destino em busca
de felicidade!”.
Hoje, quando enfrentamos tantas
adversidades e quando nos deparamos com quantos desafios e
dificuldades, é reconfortante conhecer essa história, que resgata o
orgulho do profissional e ressalta o valor individual de cada
trabalhador e a força coletiva de nossos educadores. A luta é
árdua, mas o legado é inestimável.
Parabéns
companheiros!
Publicado em 11/10/2007 no site: Contee
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