Em Belém, capital do PA, o segundo domingo de outubro é considerado o natal dos paraenses, pelos católicos, em que se celebra a principal festa mariana no estado, isto é, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, considerada também a padroeira dos paraenses. O Círio compõe uma festividade que compreende 8 romarias, 2 traslados e 2 procissões, além do Arraial de Nazaré e outras atividades artístico-culturais e de entretenimento, formando assim a “quadra nazarena” que reúne milhares de pessoas, que unidas pela emoção e pela fé costuram a devoção em Maria.
De certo o aspecto religioso é muito forte nesta grande mobilização
social, entretanto verificamos ainda, a festividade mariana, ao longo de sua trajetória
ganhou novos contornos que extrapolam a dimensão espiritual e envolvendo
questões materiais, como o comércio, o turismo, a economia, cultua, enfim, todo
um tecido social que envolve credos, tradições, cheiros e sabores, cores,
danças, cânticos, ou seja, uma multiplicidade de aspectos que somados trazudem
o Círio de Belém, expressados por mais de 2 milhões de pessoas que juntas, se
emociona, se sacrificam e se renovam a cada manifestação de devoção e fé na
Virgem Maria.
Um pouco da História...
A devoção a Nossa Senhora de Nazaré
teve início em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia ao Mosteiro de
Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de
361, tendo sido esculpida por São José. Em decorrência de uma batalha, a imagem
foi levada para Portugal, onde, por muito tempo, ficou escondida no Pico de São
Bartolomeu. Só em 1119, a imagem foi encontrada. A notícia se espalhou e muita
gente começou a venerar a Santa. Desde então, muitos milagres foram atribuídos
a ela.
No Pará, foi o caboclo Plácido José de
Souza quem encontrou, em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje se
encontra a Basílica Santuário), uma pequena imagem da Senhora de Nazaré. Após o
achado, Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no outro dia, ela
não estaria mais lá. Correu ao local do encontro e lá estava a “Santinha”.
O fato teria se repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do
Governo. No local do achado, Plácido construiu uma pequena capela.
Em 1792, o Vaticano autorizou a
realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, em Belém do Pará.
Organizado pelo presidente da Província do Pará, capitão-mor Dom Francisco de
Souza Coutinho, o primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793. No
início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer nos meses de
setembro, outubro ou novembro. Mas, a partir de 1901, por determinação do bispo
Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no
segundo domingo de outubro.
Tradicionalmente, a imagem é levada da
Catedral de Belém à Basílica Santuário. Ao longo dos anos, houve adaptações.
Uma delas ocorreu em 1853, quando, por conta de uma chuva torrencial, a
procissão – que ocorria à tarde – passou a ser realizada pela manhã.
Círio de Belém
No segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral
de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré, onde a imagem da Virgem fica
exposta para veneração dos fiéis durante 15 dias. O percurso é de 3,6
quilômetros e já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos, como
ocorreu no ano de 2004, no mais longo Círio de toda a história.
Na procissão, a Berlinda que carrega a imagem da Virgem de
Nazaré é seguida por romeiros de Belém, do interior do Estado, de várias
regiões do país e até do exterior. Em todo o percurso, os fiéis fazem
manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua
grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio
Cultural de Natureza Imaterial.
Além da procissão de domingo, o Círio agrega várias outras manifestações de devoção, como a trasladação, a romaria fluvial e diversas outras peregrinações e romarias que ocorrem na quadra Nazarena.
Além da procissão de domingo, o Círio agrega várias outras manifestações de devoção, como a trasladação, a romaria fluvial e diversas outras peregrinações e romarias que ocorrem na quadra Nazarena.
Curiosidade: o termo "Círio" tem origem na palavra latina "cereus" (de cera), que significa vela grande de cera.
Ilustrações e Fotos: Google Imagens
Outras Fontes:
O Círio de Nazaré: economia e fé - COSTA, F. A. et. al.;
O Círio de Nazaré: a mídia em prol do desenvolvimento regional - SOUZA, M. I. A. R.;
Círio de Nazaré: um mosaico de orações - RÉMEDIOS, A. G. M.;
O Círio de Nazaré: a mídia em prol do desenvolvimento regional - SOUZA, M. I. A. R.;
Círio de Nazaré: um mosaico de orações - RÉMEDIOS, A. G. M.;
Negócios sagrados: reciprocidade e mercado no Círio de Nazaré - PANTOJA, V.
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